De Doméstica a Empresária a opinião de uma Mediadora Familiar!
- Rosário Santiago
- 8 de set. de 2016
- 2 min de leitura

Por Neuza Boieiro Assistente Social, Setúbal
A desigualdade de género figura também na organização da vida familiar: apesar de a mulher ocupar cada vez mais lugar de destaque no campo profissional, quando existem filhos, é usual que, as mães cuidem dos filhos e da casa, enquanto os pais se demarcam como fonte de rendimento do agregado familiar.
Desde sempre, o Ser Humano trabalhou para sua subsistência, contribuindo também para a de cada um dos elementos do seu agregado familiar. Posteriormente à Industrialização, o surgimento de novas profissões fez com que fosse urgente o aumento e aperfeiçoamento de competências técnicas das profissões já existentes. Foi neste momento que a entrada da mulher no mundo do trabalho remunerado e reconhecido, alcançou destaque. Associado à mulher, o trabalho doméstico, embora fundamental à sobrevivência e desenvolvimento familiar, não era reconhecido.
A própria estrutura familiar, enquanto instituição, alterou, e o paradigma da diferença de papel de género, evoluiu: o elemento masculino - denominado chefe de família- já não é o único sustento da família e o seu papel no seio familiar tornou-se fundamental na educação dos filhos, e até mesmo nas tarefas domésticas. De igual modo que, a mulher não se centraliza somente na lida doméstica e na educação dos filhos, incorporando-se no mundo do trabalho, em carreiras profissionais e perspectivas de ascensão e ocupação de cargos de chefia. Hoje, ambos pretendem contribuir na educação e satisfação das necessidades básicas, não descurando a progressão profissional.
Mas muitas são ainda, as batalhas que a Mulher tem de travar: desde o acesso ao mundo do trabalho propriamente dito, quer na integração profissional após nascimento dos filhos, enfrentando a discriminação sexual no trabalho quanto ao homem - em termos remuneratórios ou na promoção e evolução de carreira, até ao exercício de funções de menor responsabilidade comparativamente ao homem.
Em Portugal, as taxas de emprego feminino a tempo inteiro ocupam lugares semelhantes às dos países nórdicos, com taxas de 62% - das mais elevadas da União Europeia. Nas famílias com filhos a cargo, dados apontam que a taxa de emprego das mulheres ronda os 62,4% contra 91,4% para os homens, correspondendo a uma diferença, aproximadamente, de 20 pontos percentuais.
A desigualdade de género figura também na organização da vida familiar: apesar de a mulher ocupar cada vez mais lugar de destaque no campo profissional, quando existem filhos, é usual que, as mães cuidem dos filhos e da casa, enquanto os pais se demarcam como fonte de rendimento do agregado familiar. É urgente a definição de estratégias para uma melhoria na conciliação da vida familiar e profissional, quer ao nível das políticas Governamentais, quer nas políticas adoptadas pelas entidades empregadoras.
Artigo publicado originalmente no jornal online "Rostos.Pt"
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